*Juliette acordou na cama de Dimitri como sempre, tudo estava certo, ela estava seguindo as regras dele, não usando nenhuma droga, nem mesmo alcool e cigarros. Julie estava tentando fazer seu relacionamento acontecer como tinha que ser. Mesmo sabendo que nunca mais teria Erich em sua vida, nem mesmo como amigo, ela estava tentando fazer as coisas darem certo com Dimitri. Por mais que ela ainda pensasse em Erich muitas vezes, ela precisava esquecer. Juliette foi para o seu quarto, depois de dar vários beijos em Dimitri, ela foi tomar banho, depois se arrumar. A porta bate e Cassie atende, era o inspetor chamando por Juliette. Julie ouve seu nome e sai rápido do banheiro, indo até ele.*
I: Juliette, você precisa ir na diretoria imediatamente! Me acompanhe.
*Juliette não discute, talvez fosse por causa de Dimitri, ela ter dormido no quarto dele, ela não pensou em nada muito grave, foi acompanhando o inspetor até a sala do diretor. Chegou na sala e o diretor tinha um expressão péssima, de quem não sabia como contar a notícia, de quem estava em uma saia justa e não sabia como sair dela. Julie foi ficando cada vez mais preocupada, não entendia o que estava acontecendo, o inspetor deixou ela lá e saiu.* O que aconteceu? *ela pergunta perdida. O diretor se levanta, vai até ela e a abraça. Ela não entende nada aquilo, fica total desconfortável, mas continua ali, responde o abraço, dando leves tapinhas.* O que houve? *ela fala mais preocupada ainda.*
D: Juliette... sinto lhe dizer, mas seus pais sofreram um acidente, eles estavam em um carro e... *ele não sabia como dizer, tomou fôlego, se afastou dela e finalmente disse.* Juliette, seus pais faleceram.
*Juliette arregala os olhos, ela não podia acreditar no que estava acontecendo. Ela não consegue dizer nada, sua mão começa a tremer, suas pernas estavam moles, tudo nela doía e ela não sabia como reagir àquilo. Ela olhou o diretor mais uma vez, lágrimas surgindo em seus olhos.*
D: sinto muito. *cara de velório.*
*Ela leva as mãos trêmulas até o seu rosto, limpando algumas lágrimas que ali restavam, passa a mão no seu cabelo, não sabia como reagir aquilo. Não. Não podia ser verdade, não podia estar acontecendo, sua mãe verdadeira estava morta, sua irmã tbm estava morta e agora aqueles que ela sempre amou e acreditou que eram seus verdadeiros pais estavam mortos também. Todos a sua volta morriam, sua família inteira morria e ela estava ali. Enquanto todos morriam, ela estava se matando aos poucos, se enfiando nas drogas, era uma culpa tão grande que veio dentro dela, um sentimento de perda, um buraco, uma tristeza que assolava dentro do seu coração, um vazio que se formava dentro dela. Seu pai, seu pobre pai que nunca lhe fez mal, que sempre a amou, que sempre esteve ali por ela, ele estava morto. Ele sofreu? Ele sofreu nos seus ultimos momentos? Ela nem isso podia saber, estava presa longe dele, não podendo estar ali para ajudá-lo, Juliette estava em prantos, estava acabada, ela não sabia como reagir, como continuar. Sua mãe, por mais má que ela tenha sido, por pior que tenham sido as suas palavras, ela estava apenas magoada, magoada por perder sua filha de verdade, por ter que cuidar da filha de sua prima, ela não teve culpa. E agora estava morta tbm, talvez tenha conseguido finalmente se encontrar com sua irmã e encontrado a paz interior que almejou todos esses anos. O diretor percebeu o estado que ela se encontrava, se aproximou dela, passando a mão em suas costas.*
D: Um carro está a sua espera, pegue seus pertences mais importantes, ele te levará para o trem e vc pode voltar pra sua cidade, para o enterro. *ele via que ela estava em total estado de choque.* Cedric vai te acompanhar, não se preocupe.
*Juliette não consegue dizer nada, o diretor a acompanha até a porta e Cedric a esperava, ele escolta Juliette até o seu quarto, ela pega apenas a sua bolsa e eles a levam para o carro. A escola toda pode ver ela em estado de choque, chorando loucamente, sendo escoltada para um carro todo preto, com os vidros escuros. Ela foi em total silêncio, apenas indo, sendo levada e guiada por pessoas diferentes, pessoas que não entenderiam a sua perda, que não entenderia pelo que ela estava passando, Juliette não via motivos e não tinha forças pra conseguir falar, pra conseguir responder as perguntas, ela ia, caminhava, passava por todos, mas não estava lá. Algo dentro dela naquele momento tbm estava morto e ela não tinha forças pra passar por aquilo. A viagem foi longa e silenciosa, ela ainda tentava entender pq tudo isso estava acontecendo, pq seus pais tinham que morrer, pq ela estava sendo levada, pq tudo isso. O enterro foi surreal, um bando de pessoas que nada significam para ela, pessoas falando sobre seus pais como se os conhecem de verdade, milhares de pessoas a consolando, passando a mão em suas costas, em sua cabeça, abraços sem significado, tudo era sem significado. Ela estava ali, sentada numa cadeira, olhando dois caixões, onde estavam seus pais, aqueles que sempre estiverem com ela, que cuidaram dela, que a alimentaram, que a amaram. Todos a olhavam como a pobre menina rica que agora tinha uma herança milionária e era órfã. Órfã. Era isso que ela era agora, nada mais do que isso. Seus avós já tinham falecido, seu pai não tinha irmãos, a irmã da mãe dela não chegou a aparecer no velório, não havia ninguém mais que pudesse chamar de família. Todos, todos tinham ido embora e ela estava lá, perdida num país aonde ninguém poderia cuidar dela. Ela era menor e não podia tomar conta da sua herança até que alcançasse a maioridade, a melhor amiga de sua mãe que nunca foi mto próxima de Juliette seria a responsável por ela, Julie a observava e podia ver escrito na cara dela que aquilo estava mais para um estorvo do qualquer outra coisa, Juliette só seria um peso pra ela e não ia ajudar em nada. Ela sabia que seria mandada de volta para o Instituto o mais rápido possível, todos queriam se livrar dela, ninguém queria arcar com as consequencias de criar uma adolescente que tinha sido internada duas vezes por causa de cocaína. Menina viciada, suicida e desnaturada. Marcellie, a sua nova tutora, a olhava com desgosto e pena, não queria ter de lidar com ela, não queria ter que falar as palavras que todos esperavam que ela falasse, foi até Juliette, deu um leve abraço nela.*
M: Vai ficar tudo bem, querida, vc vai ver.
*Palavras vazias, nada ia ficar bem, todos sabiam disso, estavam todos a olhando, esperando que ela fizesse o que todos queriam, se matasse de uma vez, a livrasse desse fardo. Juliette só a observada, a olhando com aquele olhar vazio que não saia de sua face, aquele olhar que zumbi, trágico, deprimente.* obrigada. *fala quase sem som e e afasta de Marcellie. Os corpos são enterrados, as flores jogadas, os discursos terminados e todas as orações finalizadas. Juliette foi para a sua casa, casa que seria posta a venda, todas as suas coisas ali, intactas, seu coelho a observando, ele tbm teria que ir embora, ele não poderia ir para o instituto com ela e não teria ninguém para cuidar dele. Ela se sentou em sua cama, ainda naquele estado de choque, agora finalmente sozinha sentia que era assim que iria ser daqui pra frente. Dimitri. Pobre Dimitri, ele não ia saber mais como lidar com isso, ver o jeito que ele a olhou com pena na América Latina, era trágico demais. Erich. Erich não ia conseguir lidar com ela tbm, ele já tinha mtos problemas pra lidar, com a sua namorada doente. Juliette sentia que queria ficar lá, não mais voltar, não mais lutar, não mais nada, queria deitar naquela cama e só. Dentro do seu peito era só um vazio, ela se levantou, foi até a sua cômoda, um espelho de parede, oval, estava ali pendurado na parede, ela se via no espelho e não conseguia ver nada. Trágico. Juliette se aproxima do espelho, a olhando mais próxima, mais junto dele. Isso era tudo, só isso que ela via, aquela face acabada, magra, decrépita, branca, olheiras gigantes, o rosto totalmente borrado de maquiagem, sua mão tocou o espelho deixando uma marca do calor que saía dela. Ela ficou observando até a marca sair totalmente. Até que criou forças e deu um murro no espelho, depois outro, outro e mais outro, fazendo o espelho cair da parede, cair no chão se despedaçando inteiro.* sete anos de azar. *ela fala olhando os cacos e a mão sangrando, cai no chão de joelhos, totalmente sem força, sem ter comido nada por uns dois dias, pega um caco, apertando forte em sua mão machucada, vendo o sangue pingar aos poucos no chão, a cortando. Totalmente fora de si, pega o caco e começa a enfiar na sua perna, se cortando, chorando mais e mais, se cortando inteira, sangrando muito. Marcellie aparece e vê aquela cena, começa a gritar chamando a ambulância, gritando loucamente. Juliette é levada e novamente internada. Ela passa apenas dois dias internada, Marcellie concorda que ela precisa estudar e parar de ficar naqueles lugares que não pareciam ajudar em nada. Ela vai visitá-la no hospital aonde estava internada. Juliette estava numa cama, com soro na veia, as duas pernas enfaixadas, a mão direita tbm, ainda em silencio e com cara de zumbi.*
M: Juliette, vou ser franca com vc, não quero te deixar aqui, não quero ter que te internar numa clínica psiquiátrica, então, vamos conversar. *a olha séria* Eu estou aqui para ajudá-la, posso ser a boazinha, mas tbm posso ser a vilã. *respira fundo e se senta numa cadeira ao lado de Julie.* Olha, eu quero poder te mandar de volta pra sua escola, com seus amigos, namorados e tudo mais. Mas não posso fazer isso se vc não me prometer que vai ficar bem. Entenda uma coisa. *olha séria ainda, observando Juliette por completa, fazendo uma expressão de desgosto ao ver as ataduras.* eu não tenho tempo pra lidar com esses seus dramas adolescentes, sei que é dificil perder os pais, mas cá entre nós, eles nem eram seus pais verdadeiros, então supera, ok? Vc é nova, bonita, rica, vai ficar tudo bem pra vc. Não precisa ficar sofrendo, se machucando e perdendo seu tempo. Vc pode voltar pros seus coleguinhas, com um enorme sorriso, continuar as suas aulas e pronto, tudo volta a ser como era. Não acho que isso que esteja fazendo com vc vá te levar a algum lugar que não seja bem ao lado dos seus pais em uma cova ao lado de sua irmã. Então cai na real e pára! Acorda pra vida, menina! Acorda pra realidade, há pessoas morrendo o tempo todo, não podemos mudar isso, então chega de sofrer!
*Marcellie se levanta da cadeira.* Vou chamar um táxi e ele vai te levar pra sua escola, espero que tenha entendido o meu recado. *ela sai do quarto, sabendo que Juliette não responderia nada. Julie escutou tudo que Marcellie falou e queria acreditar que aquilo era tudo uma brincadeira de mal gosto, foram as piores palavras de luto que ela podia ouvir, as piores. Ela se sentiu ainda pior por estar sofrendo pela morte dos seus pais, se sentindo egoista, se sentindo um lixo. Juliette foi escoltada pra fora, tudo de novo, táxi, trem, carro preto, escola. Era ridiculo. Ela se sentia mais sozinha do que nunca, se sentia totalmente perdida. Ela não tinha forças pra falar com ninguém, pra pensar em ninguém. Juliette foi para o seu quarto, deixou sua mochila ali na cama, ela pegou uma cadeira, subiu em cima, abriu uma mala que tinha e de lá dentro tirou uma caixinha. Sim, ela era mentirosa. A caixinha era seu ultimo recurso, lá só tinha coisas para uma emergência e aquilo parecia uma emergência, ela abre e tinha um baseado bolado, perfeito, um maço de cigarros vermelhos e um frasco bem pequeno com cocaína. Ela pega o cigarro apenas, devolve a caixa e sai do quarto indo para o gramado da escola. Ela acende o cigarro e deita na grama, ainda vestia um vestido preto, a parte de cima colada, um decote canoa, discreto, com uma saia rodada, não era nem mto curto, nem mto longo, era bem de boa. Ela estava deitada no gramado fumando seu cigarro e não querendo pensar em nada. Via alunos correndo, via crianças gritando, o diretor tinha mandado um email para todos, avisando da morte de seus pais, ela nem chegou a ligar seu celular, não quis falar com ninguém, tinha ficado offline do mundo por toda essa semana e não queria que ninguém fosse falar com ela, com seus olhares de pena e suas palavras vazias.*
I: Juliette, você precisa ir na diretoria imediatamente! Me acompanhe.
*Juliette não discute, talvez fosse por causa de Dimitri, ela ter dormido no quarto dele, ela não pensou em nada muito grave, foi acompanhando o inspetor até a sala do diretor. Chegou na sala e o diretor tinha um expressão péssima, de quem não sabia como contar a notícia, de quem estava em uma saia justa e não sabia como sair dela. Julie foi ficando cada vez mais preocupada, não entendia o que estava acontecendo, o inspetor deixou ela lá e saiu.* O que aconteceu? *ela pergunta perdida. O diretor se levanta, vai até ela e a abraça. Ela não entende nada aquilo, fica total desconfortável, mas continua ali, responde o abraço, dando leves tapinhas.* O que houve? *ela fala mais preocupada ainda.*
D: Juliette... sinto lhe dizer, mas seus pais sofreram um acidente, eles estavam em um carro e... *ele não sabia como dizer, tomou fôlego, se afastou dela e finalmente disse.* Juliette, seus pais faleceram.
*Juliette arregala os olhos, ela não podia acreditar no que estava acontecendo. Ela não consegue dizer nada, sua mão começa a tremer, suas pernas estavam moles, tudo nela doía e ela não sabia como reagir àquilo. Ela olhou o diretor mais uma vez, lágrimas surgindo em seus olhos.*
D: sinto muito. *cara de velório.*
*Ela leva as mãos trêmulas até o seu rosto, limpando algumas lágrimas que ali restavam, passa a mão no seu cabelo, não sabia como reagir aquilo. Não. Não podia ser verdade, não podia estar acontecendo, sua mãe verdadeira estava morta, sua irmã tbm estava morta e agora aqueles que ela sempre amou e acreditou que eram seus verdadeiros pais estavam mortos também. Todos a sua volta morriam, sua família inteira morria e ela estava ali. Enquanto todos morriam, ela estava se matando aos poucos, se enfiando nas drogas, era uma culpa tão grande que veio dentro dela, um sentimento de perda, um buraco, uma tristeza que assolava dentro do seu coração, um vazio que se formava dentro dela. Seu pai, seu pobre pai que nunca lhe fez mal, que sempre a amou, que sempre esteve ali por ela, ele estava morto. Ele sofreu? Ele sofreu nos seus ultimos momentos? Ela nem isso podia saber, estava presa longe dele, não podendo estar ali para ajudá-lo, Juliette estava em prantos, estava acabada, ela não sabia como reagir, como continuar. Sua mãe, por mais má que ela tenha sido, por pior que tenham sido as suas palavras, ela estava apenas magoada, magoada por perder sua filha de verdade, por ter que cuidar da filha de sua prima, ela não teve culpa. E agora estava morta tbm, talvez tenha conseguido finalmente se encontrar com sua irmã e encontrado a paz interior que almejou todos esses anos. O diretor percebeu o estado que ela se encontrava, se aproximou dela, passando a mão em suas costas.*
D: Um carro está a sua espera, pegue seus pertences mais importantes, ele te levará para o trem e vc pode voltar pra sua cidade, para o enterro. *ele via que ela estava em total estado de choque.* Cedric vai te acompanhar, não se preocupe.
*Juliette não consegue dizer nada, o diretor a acompanha até a porta e Cedric a esperava, ele escolta Juliette até o seu quarto, ela pega apenas a sua bolsa e eles a levam para o carro. A escola toda pode ver ela em estado de choque, chorando loucamente, sendo escoltada para um carro todo preto, com os vidros escuros. Ela foi em total silêncio, apenas indo, sendo levada e guiada por pessoas diferentes, pessoas que não entenderiam a sua perda, que não entenderia pelo que ela estava passando, Juliette não via motivos e não tinha forças pra conseguir falar, pra conseguir responder as perguntas, ela ia, caminhava, passava por todos, mas não estava lá. Algo dentro dela naquele momento tbm estava morto e ela não tinha forças pra passar por aquilo. A viagem foi longa e silenciosa, ela ainda tentava entender pq tudo isso estava acontecendo, pq seus pais tinham que morrer, pq ela estava sendo levada, pq tudo isso. O enterro foi surreal, um bando de pessoas que nada significam para ela, pessoas falando sobre seus pais como se os conhecem de verdade, milhares de pessoas a consolando, passando a mão em suas costas, em sua cabeça, abraços sem significado, tudo era sem significado. Ela estava ali, sentada numa cadeira, olhando dois caixões, onde estavam seus pais, aqueles que sempre estiverem com ela, que cuidaram dela, que a alimentaram, que a amaram. Todos a olhavam como a pobre menina rica que agora tinha uma herança milionária e era órfã. Órfã. Era isso que ela era agora, nada mais do que isso. Seus avós já tinham falecido, seu pai não tinha irmãos, a irmã da mãe dela não chegou a aparecer no velório, não havia ninguém mais que pudesse chamar de família. Todos, todos tinham ido embora e ela estava lá, perdida num país aonde ninguém poderia cuidar dela. Ela era menor e não podia tomar conta da sua herança até que alcançasse a maioridade, a melhor amiga de sua mãe que nunca foi mto próxima de Juliette seria a responsável por ela, Julie a observava e podia ver escrito na cara dela que aquilo estava mais para um estorvo do qualquer outra coisa, Juliette só seria um peso pra ela e não ia ajudar em nada. Ela sabia que seria mandada de volta para o Instituto o mais rápido possível, todos queriam se livrar dela, ninguém queria arcar com as consequencias de criar uma adolescente que tinha sido internada duas vezes por causa de cocaína. Menina viciada, suicida e desnaturada. Marcellie, a sua nova tutora, a olhava com desgosto e pena, não queria ter de lidar com ela, não queria ter que falar as palavras que todos esperavam que ela falasse, foi até Juliette, deu um leve abraço nela.*
M: Vai ficar tudo bem, querida, vc vai ver.
*Palavras vazias, nada ia ficar bem, todos sabiam disso, estavam todos a olhando, esperando que ela fizesse o que todos queriam, se matasse de uma vez, a livrasse desse fardo. Juliette só a observada, a olhando com aquele olhar vazio que não saia de sua face, aquele olhar que zumbi, trágico, deprimente.* obrigada. *fala quase sem som e e afasta de Marcellie. Os corpos são enterrados, as flores jogadas, os discursos terminados e todas as orações finalizadas. Juliette foi para a sua casa, casa que seria posta a venda, todas as suas coisas ali, intactas, seu coelho a observando, ele tbm teria que ir embora, ele não poderia ir para o instituto com ela e não teria ninguém para cuidar dele. Ela se sentou em sua cama, ainda naquele estado de choque, agora finalmente sozinha sentia que era assim que iria ser daqui pra frente. Dimitri. Pobre Dimitri, ele não ia saber mais como lidar com isso, ver o jeito que ele a olhou com pena na América Latina, era trágico demais. Erich. Erich não ia conseguir lidar com ela tbm, ele já tinha mtos problemas pra lidar, com a sua namorada doente. Juliette sentia que queria ficar lá, não mais voltar, não mais lutar, não mais nada, queria deitar naquela cama e só. Dentro do seu peito era só um vazio, ela se levantou, foi até a sua cômoda, um espelho de parede, oval, estava ali pendurado na parede, ela se via no espelho e não conseguia ver nada. Trágico. Juliette se aproxima do espelho, a olhando mais próxima, mais junto dele. Isso era tudo, só isso que ela via, aquela face acabada, magra, decrépita, branca, olheiras gigantes, o rosto totalmente borrado de maquiagem, sua mão tocou o espelho deixando uma marca do calor que saía dela. Ela ficou observando até a marca sair totalmente. Até que criou forças e deu um murro no espelho, depois outro, outro e mais outro, fazendo o espelho cair da parede, cair no chão se despedaçando inteiro.* sete anos de azar. *ela fala olhando os cacos e a mão sangrando, cai no chão de joelhos, totalmente sem força, sem ter comido nada por uns dois dias, pega um caco, apertando forte em sua mão machucada, vendo o sangue pingar aos poucos no chão, a cortando. Totalmente fora de si, pega o caco e começa a enfiar na sua perna, se cortando, chorando mais e mais, se cortando inteira, sangrando muito. Marcellie aparece e vê aquela cena, começa a gritar chamando a ambulância, gritando loucamente. Juliette é levada e novamente internada. Ela passa apenas dois dias internada, Marcellie concorda que ela precisa estudar e parar de ficar naqueles lugares que não pareciam ajudar em nada. Ela vai visitá-la no hospital aonde estava internada. Juliette estava numa cama, com soro na veia, as duas pernas enfaixadas, a mão direita tbm, ainda em silencio e com cara de zumbi.*
M: Juliette, vou ser franca com vc, não quero te deixar aqui, não quero ter que te internar numa clínica psiquiátrica, então, vamos conversar. *a olha séria* Eu estou aqui para ajudá-la, posso ser a boazinha, mas tbm posso ser a vilã. *respira fundo e se senta numa cadeira ao lado de Julie.* Olha, eu quero poder te mandar de volta pra sua escola, com seus amigos, namorados e tudo mais. Mas não posso fazer isso se vc não me prometer que vai ficar bem. Entenda uma coisa. *olha séria ainda, observando Juliette por completa, fazendo uma expressão de desgosto ao ver as ataduras.* eu não tenho tempo pra lidar com esses seus dramas adolescentes, sei que é dificil perder os pais, mas cá entre nós, eles nem eram seus pais verdadeiros, então supera, ok? Vc é nova, bonita, rica, vai ficar tudo bem pra vc. Não precisa ficar sofrendo, se machucando e perdendo seu tempo. Vc pode voltar pros seus coleguinhas, com um enorme sorriso, continuar as suas aulas e pronto, tudo volta a ser como era. Não acho que isso que esteja fazendo com vc vá te levar a algum lugar que não seja bem ao lado dos seus pais em uma cova ao lado de sua irmã. Então cai na real e pára! Acorda pra vida, menina! Acorda pra realidade, há pessoas morrendo o tempo todo, não podemos mudar isso, então chega de sofrer!
*Marcellie se levanta da cadeira.* Vou chamar um táxi e ele vai te levar pra sua escola, espero que tenha entendido o meu recado. *ela sai do quarto, sabendo que Juliette não responderia nada. Julie escutou tudo que Marcellie falou e queria acreditar que aquilo era tudo uma brincadeira de mal gosto, foram as piores palavras de luto que ela podia ouvir, as piores. Ela se sentiu ainda pior por estar sofrendo pela morte dos seus pais, se sentindo egoista, se sentindo um lixo. Juliette foi escoltada pra fora, tudo de novo, táxi, trem, carro preto, escola. Era ridiculo. Ela se sentia mais sozinha do que nunca, se sentia totalmente perdida. Ela não tinha forças pra falar com ninguém, pra pensar em ninguém. Juliette foi para o seu quarto, deixou sua mochila ali na cama, ela pegou uma cadeira, subiu em cima, abriu uma mala que tinha e de lá dentro tirou uma caixinha. Sim, ela era mentirosa. A caixinha era seu ultimo recurso, lá só tinha coisas para uma emergência e aquilo parecia uma emergência, ela abre e tinha um baseado bolado, perfeito, um maço de cigarros vermelhos e um frasco bem pequeno com cocaína. Ela pega o cigarro apenas, devolve a caixa e sai do quarto indo para o gramado da escola. Ela acende o cigarro e deita na grama, ainda vestia um vestido preto, a parte de cima colada, um decote canoa, discreto, com uma saia rodada, não era nem mto curto, nem mto longo, era bem de boa. Ela estava deitada no gramado fumando seu cigarro e não querendo pensar em nada. Via alunos correndo, via crianças gritando, o diretor tinha mandado um email para todos, avisando da morte de seus pais, ela nem chegou a ligar seu celular, não quis falar com ninguém, tinha ficado offline do mundo por toda essa semana e não queria que ninguém fosse falar com ela, com seus olhares de pena e suas palavras vazias.*